No Evangelho de hoje aparece uma vez mais o coração bondoso de Cristo, que se compadece da humanidade doente. Tanto a dor física da mulher, que havia doze anos sofria de hemorragias, como a dor moral de Jairo, que vê como a sua filha morrer nas mãos. Ambos encontram eco em Jesus que, profundamente humano, reflete o amor fraternal de Deus ao homem, Sua criatura.
Neste sentido é também significativo o pormenor anotado por Marcos no seu relato e omitido por Mateus. Uma vez que, à ordem de Jesus, a menina morta se levanta, ele diz aos familiares que lhe deem de comer. Pormenor banal à primeira vista, sobretudo depois do fato deslumbrante de ressuscitar um morto, mas profundamente humano e natural, próprio de quem não se envaidece nem se torna solene.
Na ressurreição da filha de Jairo, como nos dois relatos similares: Lázaro e o filho da viúva de Naim, vemos, com a primitiva comunidade cristã, uma antecipação do triunfo pessoal sobre a morte por parte de quem é Ele mesmo a ressurreição e a vida, Cristo Jesus.
Por isso o Senhor disse que a menina estava só dormindo, o que fez rir os que nada compreendiam sobre Ele. O mesmo afirmou Jesus no caso de Lázaro já defunto. Para o cristão, a morte não é um absurdo nem o final no nada, mas um sono cujo despertar é a ressurreição “dos que adormeceram no Senhor“.
Da atuação de Jesus nesta cena depreende-se que anunciar o Reino de Deus é o mesmo que anunciar e inaugurar a vida por excelência, a vida inextinguível ou eterna.
Essa tarefa de Jesus ficou agora nas nossas mãos. Cristo quer-nos hoje testemunhas da Sua Ressurreição no mundo dos homens. E o modo mais eficaz de sê-lo é apresentar sinais de libertação humana amando os outros, como fez Jesus, porque amar é ter a dar a vida que ressuscita os corações. Por isso o amor de Deus e aos irmãos é o resumo do Evangelho e o sinal de autenticidade do cristão.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia; p. 420. Paulus: 2000.
:: Canção Nova lança Biblía on-line para dispositivos móveis